Nas decisões que a vida, pessoal ou profissional, sempre nos leva a tomar – lembrando que “não fazer algo” é uma decisão também – as opções acabam sendo simplesmente, embora nem atentemos para isso, entre ser ATIVO ou ser PROATIVO. A primeira nos leva a fazer apenas o que fomos “designados” a fazer ou ser, na hora que for pedido e da forma que quisermos; a segunda opção nos leva a tomar iniciativas, a nos interessarmos profundamente e a torcer na busca pelo melhor resultado possível do que decidimos fazer no interesse do bem maior. Ser ativo é fazer por obrigação, ser proativo é fazer por entusiasmo, além da obrigação, dos limites. Um você faz com o corpo, outro você faz com a alma.
Penso que essa pandemia ou a devastação ambiental, como qualquer crise que alguém enfrenta, especialmente uma tragédia como essa que desafia a humanidade, nos obriga primeiro a refletirmos o que realmente somos e porque estamos aqui.
Ao me defrontar, como já disse, por situações bem complicadas de saúde, por exemplo, tento ser proativo. Criar situações ou objetivos que estejam além do esperado, vestir a camisa da resiliência, exercitar a paciência que nunca tive, ir além dos limites. Superar meus 3 cânceres, não tenho dúvidas, se deveu muito à proatividade. É claro que não há receita pronta e cada um tem um resultado diferente, por mais que aja de uma forma ou de outra. Mas acho que ser apenas ativo é um caminho mais curto para não superar uma grande adversidade.
Falo isso porque considero que a humanidade está nessa encruzilhada: entre agir comodamente, de forma individualista, de forma consciente ou não, contra essa epidemia ou contra a devastação da natureza, etc, e agir fora da caixa, se entregar a algo de corpo e alma, atuar além de nossa rotina nas mínimas ações, agir em comunidade, respeitar o direito de todos. A devastação da Amazônia, do Pantanal e do meio-ambiente em várias partes do mundo tem, na maioria das vezes, o dedo do homem. Seja indiretamente, através do aquecimento global que os gases produzidos pela ação humana provocam. Seja diretamente pela fabricação, consumo e descarte errado de produtos poluentes, de queimadas provocadas.
Olhe simplesmente para essa imagem absurda do post. É a Praia de Icaraí, em Niterói/RJ, que fica dentro da Baía de Guanabara. Flagrei isso ontem (3/10/20) porque o volume e o tipo de lixo levado pelo mar para a areia ou jogado direto nela é algo inacreditável. E, posso assegurar, a ação de limpar não resolve nada se, em paralelo, não agirmos para conscientizar, educar e, se for o caso, denunciar. Cadê a população esclarecida da área mais nobre da cidade para não tomar a frente e agir pelo menos para remediar e orientar? Protestos na rua não tem? E pressões sobre o poder público local? Para que serve sermos a cidade melhor ranqueada no Estado do Rio de Janeiro em temos de IDH (índice de desenvolvimento humano) e uma das melhores no país?
Assim caminha a humanidade, grande parte insensível ao drama da pandemia, grande parte acomodada com o ataque diário e rotineiro ao meio-ambiente. O tempo para sair dessa trajetória suicida se reduz dramaticamente, segundo médicos e cientistas. Cada pessoa produz 1 kg e meio de lixo por dia, em média. Cada pessoa conscientemente sem máscara ou distanciamento social, pode produzir alguns contaminados, ou mortes. Ser ativo na vida, fazer atividades físicas é o que se espera de qualquer pessoa. Cuidar da saúde de um planeta doente pelo vírus da indiferença e individualidade é ser proativo e ir além de nossos limites. O novo normal é agir fora do normal.
Paulo Peregrino, CEO do PRAIAtiva
O PRAIAtiva vai abrir espaço no site para promover e discutir ações ambientais e de interesse de todos, especialmente aquelas que podem impactar diretamente nas praias.
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